quarta-feira, abril 09, 2008

Por trás das fotos: A queda que chocou o mundo em 1975.










Há 30 anos esta foto aí de cima rodou os EUA e o mundo causando choque e indignação, e abriu uma discussão acalorada sobre os limites do sensacionalismo e da ingerência da imprensa na invasão de privacidade dos fotografados.
Stanley Forman não havia pensado em nada disso, naquele distante 1975, quando fez o flagrante de Diana Bryant, de 19 anos, e sua afilhada de dois anos, Tiare Jones, no exato instante em que a escada de incêndio na qual fugiam de um apartamento em chamas despencou. Apenas Tiare sobreviveu.
A fotografia de Forman varou o mundo e inclusive ganhou o prêmio da fundação World Press Photo. Depois dela, as autoridades do estado reexaminaram e modificaram todas as leis relacionadas às saídas de emergência e escadas de incêndio, bem como os procedimentos de evacuação de edifícios em chamas.
Aos interessados, acima está o atalho para o site da World Press Photo (http://www.worldpressphoto.nl).




Depoimento do fotógrafo Stanley Forman.

"Foi no dia 22 de julho de 1975. Estava quase na hora de eu deixar o escritório do Boston Herald depois do expediente.

Recebemos uma ligação sobre um incêndio em uma das áreas mais antigas da cidade com prédios de estilo Vitoriano. Eu fui até o local e corri até a parte de trás do prédio, porque os bombeiros estavam gritando que precisavam de um caminhão com escada para resgatar as pessoas que estavam presas na escada de incêndio do edifício.

Quando olhei para cima, havia uma mulher e uma criança na escada de emergência, e elas estavam se debruçando para tentar escapar do calor do fogo que estava atrás delas.

Enquanto isso, um bombeiro chamado Bob O'Neil escalou a parte da frente do prédio até o telhado e viu as duas na escada de incêndio. Ele se abaixou na direção da escada para resgatá-las.

Eu fiquei em uma posição em que eu pudesse fotografar o que eu achava ser uma operação rotineira de resgate. Uma escada de um caminhão foi acionada para retirá-las do prédio. Elas estavam a uma altura de 15 metros. O'Neil disse a Diana que ele subiria na escada do caminhão e pediu que ela entregasse a criança a ele.

O'Neil estava quase chegando à escada do caminhão quando a escada de incêndio cedeu.

Eu estava fotografando quando elas caíram. Depois, eu virei de costas. Eu entendi o que estava acontecendo e não queria vê-las no chão. Eu ainda me lembro do momento em que virei o corpo. Eu tremia.

Depois fiquei sabendo que não teria visto as duas atingirem o chão porque elas caíram atrás de uma cerca onde se encontravam os lixos. Quando finalmente me virei, eu não as vi, mas vi o bombeiro pendurado à escada do caminhão com uma mão, como um macaco, se segurando com muita força. Ele conseguiu voltar depois, com segurança, para o topo do prédio.

Segundo os bombeiros, a mulher amorteceu a queda da criança. Diana morreu na noite daquele mesmo dia.

Naquele momento, eu não sabia que a imagem teria um impacto tão grande. Quando eu comecei a olhar os negativos, eu voltei as minhas atenções para as cenas do resgate, quando as duas ainda estavam agarradas uma à outra. Eu nem olhei para essa fotografia, porque eu não sabia exatamente o que eu tinha conseguido registrar. Eu sabia que havia fotografado as duas durante a queda, mas eu só percebi a grandeza da tragédia depois que eu revelei o filme.

A imagem foi publicada primeiro pelo Boston Herald e depois em jornais de todo o mundo. Houve muito debate sobre a publicação de uma cena tão horrível.

Nunca fiquei incomodado pela controvérsia. Quando penso sobre a publicação da fotografia, não acredito que foi assim horrível. A mulher, no momento da imagem, não estava morta; nós não mostramos uma pessoa morta na primeira página do jornal. Ela morreu, sim, o que é uma coisa horrível. Mas não achei que a escolha de publicar a foto foi ruim, mas eu sou o fotógrafo, eu tenho uma certa inclinação nesse caso.

Sempre que existem histórias sobre incêndio ou tragédias como a que aconteceu devido ao furacão em Nova Orleans, elas fazem as pessoas ficarem mais atentas.

Minha fotografia fez com que as pessoas saíssem de casa e checassem as escadas de incêndio, além de reivindicar mudanças na lei. Ela também foi usada em panfletos sobre segurança em caso de fogo por muitos anos.

Trinta anos depois, é bom saber que eu fiz a coisa certa. Eu nunca vi uma imagem como aquela desde então. Eu já vi fotos que gostaria de ter feito, mas nunca vi nada tão dramático como aquilo.

Quando se diz que uma fotografia vale por mil palavras, essa certamente vale por 10 mil."
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