quarta-feira, janeiro 02, 2008

Casa de Vidro de Lina Bo Bardi


Eu sempre quis entender por que essa casa é tão importante para a história nacional e ai vai algumas coisas que descobri sobre ela:



Casa de Vidro de Lina Bo Bardi







Casa de Vidro, 1951Foto de Peter C. Scheier


Dick van Gameren

Dick van Gameren é arquiteto e titular do Architecten Groep, em Amsterdã, Holanda






Em 1951, Lina Bo Bradi constrói uma residência para si e para seu marido, o marchand Pietro Maria Bardi. O casal tinha se mudado da Itália para o Brasil em 1947.
Fotografias, tiradas logo depois da construção da Casa de Vidro, mostram um disco voador brilhante, pousado em uma colina. "Pernas" muito finas sustentam o equilíbrio. Uma escada frágil de ferro é deixada como uma descida do tombadilho para a terra. Uma abertura no meio da nave poupa uma árvore que está recoberta de plantas e flores.






O pele de vidro revela o interior da casa para o exterior. Em um piso brilhante de mosaicos de vidro, algumas mesas antigas e cadeiras metálicas delicadas. Daqui, os moradores olham a floresta, as plantações e as bordas da cidade de São Paulo.
Cidade e natureza crescem no Brasil com uma alta velocidade. A mata cruzou a cidade e chegou à frente da casa. Cinqüenta anos depois da construção, o vazio não se encontra mais ao seu redor, mas dentro dela. O vão livre no interior da casa cria agora um dos poucos lugares onde o chão se ilumina. A vegetação filtra toda luz e evita a vista dos prédios e edifícios da cidade, que cresceram na vizinhança.
A Casa de Vidro, escondida na mata, virou uma "arca do tesouro", testemunho de uma cultura que parece ter sumido de São Paulo. Móveis de cinqüenta anos de idade agora fazem parte de uma rica coleção de obras de artes, objetos variados de preciosa arte antiga e exemplares de arte popular. São lembranças da vida dos moradores.
A vitalidade do interior faz com que a Casa de Vidro fique muito longe daquela outra glass house, a aparentemente irretocável Farnsworth House de Mies van der Rohe, também de 1951. Ambas as casas podem ser consideradas um protótipo da obra posterior dos dois arquitetos.
A sala ampla da Casa de Vidro anuncia os espaços vazios e imponentes que Lina iria projetar em prédios como o MASP e também estabelece a essência dos restauros. Ela deixou os ambientes históricos o mais limpo e vazio possível (SESC, Solar de Unhão). Somente elementos como escadas e lareiras estão expostos como objetos no meio do espaço. As colunas muito finas da Casa de Vidro se dissolveram literalmente no projeto para o MASP: uma construção maciça de concreto permite que as colunas do interior literalmente se dissipem. Também a prancha de vidro, projeto para a Casa de Vidro, parecem uma antecessora dos painéis únicos de vidro para os quadros do MASP.
O livro Modern Architecture in Brazil de Henrique E. Mindlin de 1956 é uma das primeiras obras panorâmicas sobre a arquitetura moderna do Brasil. A casa da Lina está incluída, junto com casas de Niemeyer, Levi, Reidy e outros. O autor fala do projeto cuidadoso e avançado da Casa de Vidro e associa isto à origem e à educação européia do arquiteto.
Afinal, esse é um aspecto formal não caraterístico dos projetos de Lina. A obra de muitos outros arquitetos brasileiros, que foram reunidos na publicação de Mindlin, iriam terminar num formalismo bonito, mas estéril. Foi Lina Bo Bardi quem conseguiu traduzir a vitalidade do seu novo país em uma obra tanto vital como pessoal. O tesouro da Casa de Vidro é uma belo reflexo disto.


















Nota
1Publicado em MEURS, Paul; AGRICOLA, Esther (org). Brazilië. Laboratorium van architectuur en stedenbouw. NAi, Uitgevers, Roterdam, 1998, p. 356-360.





Fonte: http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arquitextos.asp



Lina: da Itália para o Brasil







Lina na sala da Casa de Vidro, 1952Foto de Fernando Albuquerque


"O Brasil é meu país duas vezes!"Achillina Bo nasce em Roma a 5 de dezembro de 1914. Forma-se na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Roma e, já tendo iniciado sua vida profissional, muda-se para Milão, onde começa a trabalhar no escritório do arquiteto Giò Ponti, diretor da Triennale di Milano e da Revista "Domus".Durante a II Guerra Mundial, já em seu escritório próprio, a escassez de trabalho leva Lina a atuar como ilustradora e colaboradora de jornais e revistas como "Stile", "Tempo", "Grazia", "Vetrina" e "l'Illustrazione Italiana", além de editar a coleção "Quaderni di Domus".No dia 13 de agosto de 1943 um grande bombardeio é lançado sobre Milão e destrói o escritório de Lina. Ela então entra para o Partido Comunista clandestino e o apartamento de sua família torna-se um ponto de encontro de artistas e intelectuais italianos.Com o fim da guerra, Lina viaja pela Itália para fazer uma reportagem sobre as áreas atingidas pelo conflito. Em Roma, funda a revista semanal "A - Cultura della Vita", com Bruno Zevi, e participa do Congresso Nacional pela Reconstrução.Em 1946, Lina casa-se com Pietro Maria Bardi, cujo sobrenome adota. Em seguida, o casal viaja para o Brasil. Em recepções, no Rio de Janeiro, conhecem personalidades como Lúcio Costa, Oscar Niemeyer, Rocha Miranda, Burle Marx e Assis Chateaubriand de quem Pietro recebe o convite para fundar e dirigir um museu de arte no país. Um projeto arquitetônico de Lina abrigará meses mais tarde o MASP, o museu mais importante da América Latina. A arquiteta naturaliza-se brasileira em 1951, oficializando a paixão pelo país que a acolhera anos antes. A esse respeito, declara: "Quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, é minha 'Pátria de Escolha', e eu me sinto cidadã de todas as cidades".Também em 1951 foi concluída a construção da Casa de Vidro. Erguida em um terreno de 7000 metros quadrados, foi a primeira residência do bairro do Morumbi e, aos poucos, foi sendo cercada por mata brasileira. Hoje é uma reserva tombada com espécies vegetais raras, uma amostra do que foi a antiga mata atlântica brasileira.Até a década de 90, Lina manteve intensa atividade em todas as áreas da cultura, tendo participado de inúmeros projetos em teatro, arquitetura, cinema e artes plásticas no Brasil e no exterior. Além de seu trabalho como arquiteta, merece destaque sua talentosa atuação como designer de móveis, objetos e jóias, artista plástica, cenógrafa, curadora e organizadora de diversas exposições e seu olhar sempre sensível à arte popular brasileira.Lina morre na Casa de Vidro em dia 20 de março de 1992, realizando o sonho declarado muitas vezes de trabalhar até o fim: deixa em andamento os majestosos projetos para a Nova Sede da Prefeitura de São Paulo e para o Centro de Convivência Vera Cruz.










Fonte :http://www.institutobardi.com.br/instituto/instituto/historia_noticias.html

Quer saber mais

procure o Instituto Lina Bo e P. M. Bardi.

http://www.institutobardi.com.br/instituto/instituto/historia_noticias.html

Instituto Lina Bo e P.M. Bardi foi fundado em 1990 para divulgar e promover a cultura e as artes brasileiras no Brasil e no exterior. Através da difusão cultural, o Instituto oferece ao público acesso a aspectos relevantes e poucos conhecidos do pensamento e da produção artística e cultural do país.O Instituto, por meio de exposições, publicações, vídeos, palestras, conferências e mesas redondas, é uma realidade indiscutível no panorama cultural nacional, como era o desejo de dois dos maiores incentivadores das artes no Brasil. Doada em 1995 pelo Professor Bardi para abrigar a Sede do Instituto, a Casa de Vidro foi tombada pelo CONDEPHAAT como patrimônio histórico em 1987. Projetada em 1950 por Lina Bo Bardi para ser a residência do casal, a Casa abriga hoje parte da coleção de arte particular adquirida ao longo dos anos por Lina Bo e Pietro Maria Bardi.


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